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A morte (e o renascimento) do Storytelling na era digital

A morte (e o renascimento) do Storytelling na era digital

Você já parou para pensar por que você conta uma história?

Gosto de rever de vez em quando um TED Talk que traz essa questão, especialmente sobre o porquê do que fazemos e como isso influencia nossa comunicação e a forma como lideramos a nós mesmos e nossa equipe.

É com o Simon Sinek. Se ficou interessado, salva o link aí para assistir depois de ler esse texto.

Falar sobre a forma como um líder inspira as pessoas me faz lembrar da recente entrevista que o Washington Olivetto deu à BBC Brasil onde, a despeito de todas as mudanças no comportamento das pessoas nos últimos tempos, ele reafirma algumas crenças como:

“O que vale mesmo é a persuasão!”
“A ideia é o que vende!”
“O papel do consumidor é consumir!”

Parece até propaganda política, mas não é. E claro que a internet repercutiu. Mas de todos os comentários me chamou a atenção o olhar da Regina Augusto, que já foi editora do Meio & Mensagem, um dos principais periódicos para o mercado de marketing, propaganda e comunicação.

Ela fez um post brilhante no facebook contrapondo o artigo do Olivetto. Leia na íntegra aqui.

Olhando para este cenário, qual caminho devemos seguir?

Para não deixá-los perdidos no meio da estrada, compartilhamos um pouco da nossa visão a partir dos pontos marcantes da entrevista de Olivetto e do contraponto da Regina.

Tem relação com o que enxergamos e que está morrendo no Storytelling na era digital e, ao mesmo tempo, o que está fazendo as Narrativas renascerem com ainda mais força e autenticidade.

Persuasão – é o que realmente vale nos dias de hoje?

A entrevista de Olivetto é recheada de opiniões que fazem com que as pessoas o amem ou o odeiem.

Tirando o livre arbítrio de sua responsabilidade como publicitário, ele mesmo exclui a opinião do outro, afirmando que “se a opinião dele for estapafúrdia e mais cinco estapafúrdios quiserem (o mesmo) não vou abrir mão das convicções da boa persuasão”.

Será que em 2017, auge da polarização em rede, as pessoas estão sendo persuadidas? Canais independentes surgem todos os dias para nos mostrar o oposto.

Inclusive a opinião da Regina, no seu perfil do Facebook, é um exemplo. Virais podem vir de todos os lugares.

Mais do que nunca, as narrativas são via de mão dupla! Não dá para negar que jogar um comentário na internet é ter a chance de receber feedbacks em tempo real. As pessoas, mais do que nunca, criticam ou elogiam campanhas assim que elas postam seus vídeos nas redes sociais. Ignorar tais conversas só reforça ainda mais a morte da forma antiga de contar histórias, considerando-as como um “monólogo”.

Concordo com Regina, que traz o contraponto de que ser um consumidor é…

“… ser gente, que pensa, vive, ama, transa, trabalha, estuda, pega metrô, ônibus, come e… reage ao que lê, escuta e assiste”.

Essas reações estão em sua maioria na internet, hoje. Uma mensagem, publicitária ou não, começa sua construção de um lado (do publicitário, do repórter, do seu amigo que compartilhou uma opinião). E continua viva com a construção de quem lê.

A ideia é o que vende. Será?

Há tempos percebemos grandes agências de publicidade fechando ou se unindo a outras, enxugando seus times, mudando seu posicionamento. Mas não adianta mais declarar que faz diferente.

As pessoas querem sentir na prática essa mudança. Se sentirem partes de um ideal, pertencer a um movimento, uma causa.

De nada adianta um time criativo (como se isso fosse função específica de um grupo e não uma característica humana) fazendo brainstormings para gerar ideias dentro de quatro paredes.

É preciso estar em contato com a rua, com as pessoas, fazendo perguntas para os outros e para si mesmo.

Se você não tiver boas perguntas na mão para buscar mensagens essenciais sobre si e seus projetos, de nada adianta ter um time inteiro dedicado à sua comunicação.

Se não nos abrimos a descobrir mais sobre o outro e sobre nós mesmos, no exercício verdadeiro da empatia, ficamos fechados em rótulos e julgamentos, como os que Olivetto utilizou para chamar todo um movimento de oportunista ao falar da bandeira do “Empoderamento Feminino”.

Regina traz um contraponto interessante a isso:

“Nas diversas indústrias que compõem o sistema econômico e social do mundo contemporâneo, o empoderamento feminino e a questão de gênero são SIM temas que ocupam cada vez mais lugar na agenda dos líderes. Os líderes que desprezam essa realidade são expurgados naturalmente do sistema”.

Alguns músicos em voga estão aí para provar que o mundo mudou e que o Storytelling na era digital está se fortalecendo em diferentes plataformas. A ascensão da drag queen Pablo Vittar, a mudança na melodia da Valeska Popozuda ou as críticas sobre racismo no clipe da Malu Magalhães são alguns exemplos de histórias e suas viradas.

E afinal, qual é o papel do consumidor?

Por mais que a prioridade das marcas seja a venda de seus produtos ou serviços, percebemos que uma mudança está no ar. Está nas redes sociais.

As pessoas curtem acompanhar em tempo real o que pessoas e marcas estão fazendo e, cada vez mais, se conectam com negócios sociais, orgânicos ou de compartilhamento de redução de consumo e do ritmo de vida.

O conteúdo vem de blogueiros, YouTubers, coletivos. A mídia tradicional ainda é relevante, mas vem perdendo sua influência especialmente sobre os mais jovens.

As pessoas estão se conectando mais ao que é essencial, simples, e isso se reflete em como se comunicam e se relacionam.

Isso vai de encontro ao Manifesto da Narrative, pois sentimos que cada vez menos as pessoas esperam venda e convencimento e o que mais se busca é a conexão: se enxergar no outro, em sua história, em vulnerabilidades comuns a todos nós. Veja o vídeo completo aqui.

A verdadeira conexão – o ressignificado do Storytelling

Quando se pensa em publicidade logo vem à cabeça slogans. Aquelas frases que grudam como música chiclete. No entanto, sabemos que o processo mudou. E a mensagem também.

Voltando à empatia, um dos princípios para uma boa narrativa, pense: você prefere ler uma história que começa com a Joana, empreendedora, que tem o sonho de empreender o seu negócio e trabalhar de casa ou estatísticas que apontam que 70% das pessoas estão insatisfeitas com a carreira?

É aí que de fato se faz importante buscar pessoas reais e não apenas ficções e mascotes para a comunicação das marcas.

Campanhas como a da Claro que se aliou a uma música de sucesso de Anitta e Nego do Borel, ou marcas que se associam a influenciadores como Thaynara OG para participar de seus eventos e ser o rosto da marca.

Intervenções que resgatam vulnerabilidades e desafios como a Like a Girl, realizada pela Always surgem cada vez mais para associar às marcas valores, atitudes e comportamentos com as quais as pessoas se identificam.

Acreditamos que faz parte do renascimento do formato de contar histórias ou, até, do resgate do significado do verdadeiro Storytelling.

E você, o que acha? Deixe seu comentário para ampliarmos essa discussão.

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