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A mentalidade narrativa na gestão de conhecimento organizacional

A gestão de conhecimento é um recurso de sobrevivência das organizações. Afinal, as pessoas passam, mas o conhecimento permanece. Uma empresa pode e deve seguir errando, mas que seja por motivos diferentes. Só assim é possível evoluir de verdade.

Para isso, é fundamental que o aprendizado gerado pelos desafios que a empresa enfrenta no dia-a-dia seja compartilhado e transmitido.

Como o storytelling pode apoiar a gestão de conhecimento para que o aprendizado aconteça de verdade?

As lições aprendidas por meio de um conhecimento narrado como história constróem significado e se conectam às emoções das pessoas, o que irá se refletir nas tomadas de decisões futuras e a construção de compromissos de longo prazo com a visão de crescimento da empresa.

Documentar o conhecimento de funcionários com grande know-how em determinados assuntos e embalá-los como narrativas, seja em blog, livro, vídeo, colheita gráfica ou quaisquer formatos, é uma das maneiras de se fazer de histórias para transmitir conhecimento.

Mas essa não é a única forma de se utilizar storytelling como instrumento de apoio aos processos de gestão do conhecimento. Mais do que registrar conhecimento, é possível ter a narrativa como uma ferramenta de produção e gestão do próprio conhecimento enquanto os projetos acontecem.

Essa é uma forma muito mais poderosa de se analisar, registrar e acompanhar a evolução e o desempenho de um projeto, etapa por etapa, aplicando o que chamo de mentalidade narrativa.

Consciência e consistência

Steve Jobs em seu famoso discurso de paraninfo aos graduandos de Stanford, disse, sobre uma das histórias que contou sobre sua vida: “Você não consegue ligar os pontos olhando para a frente. Você só consegue ligar os pontos olhando para trás.”

Nossa história é construída enquanto vivemos e, a cada momento, fazemos escolhas baseadas em expectativas que, muitas vezes (se não todas as vezes), não se realizam como imaginávamos. Mas é justamente essa a graça da vida. Ao construirmos uma narrativa, temos a oportunidade de olhar para essas escolhas que fizemos, suas consequências e, então, conscientemente ligar os pontos.

Dentro da empresa, ao olharmos para um projeto do qual participamos dentro da empresa com uma mentalidade narrativa, tornamos essa consciência sobre as escolhas um hábito. E com isso, trazemos consistência para o que fazemos com o aprofundamento, não apenas em dados, mas em valores, emoções e significados gerados pelas nossas escolhas, a partir de algumas reflexões:

Qual o significado, o sentido de determinadas ações, escolhas e eventos desse projeto?
Quais as motivações das pessoas envolvidas?

Que resultados já produzimos para a organização com esse projeto?
Que impactos que queremos causar?
O quão distante estamos disso com os resultados já produzidos?

Aplicando a mentalidade narrativa em 4 passos: um caso hipotético

Para entender como a mentalidade narrativa pode alinhar os participantes de um projeto, vamos imaginar que um grupo de funcionários de diversas áreas de uma Prefeitura se reúnam periodicamente para debater ações de combate à desigualdade social na comunidade.

A proposta dos encontros seria disseminar, fomentar e mobilizar o conhecimento do grupo a respeito do problema, propondo e implementando ações.

Passo #1: Mapeamento

Com o apoio de uma ferramenta visual como a oferecida pelo método O Mapa da Narrativa, a equipe pode mapear e alinhar entre si alguns pontos fundamentais:

  • As motivações do projeto e de seus envolvidos;
  • O que motivará o resto da instituição e a comunidade a se conectar com esse projeto;
  • Os desafios atuais e os que ainda podem surgir ao longo do processo;
  • Como poderão ajudar a comunidade a superar esses desafios;
  • E os meios que serão utilizados para gerar os impactos que desejam causar na comunidade com as futuras ações.

Passo #2: Essência

Além disso, esse projeto pode ter uma identidade que expresse a essência daquele grupo, o que ele acredita. Pode ser um nome, uma frase, um valor que expresse a verdade do projeto e que pode ser constantemente lembrado e avaliado dentro do campo da mensagem essencial.

No caso desse projeto da Prefeitura, entendendo que o projeto se propõe a combater desigualdade social, a mensagem essencial poderia ser “Construindo Pontes.”

Passo #3: Relato

É comum termos os clássicos relatórios de reunião que facilmente ficam engavetados ou parados em caixas de e-mail sem que alguém se sinta estimulados à sua leitura, avaliação e debate.

E se esses relatórios se tornassem narrativas?

O próprio Canvas dispõe de uma camada dedicada à construção de uma Linha Narrativa, que não é baseada em dados técnicos, mas nas próprias mensagens mapeadas anteriormente. Guiando essa construção pelos princípios de uma boa narrativa, é possível deixar um registro mais engajador que posteriormente pode ser materializado nos formatos textuais, ilustrativos e audiovisuais que já citei aqui.

Assim, fica mais fácil a informação ser retida e avaliada para avaliações de cada reunião e identificação de possíveis lacunas entre a estratégia pretendida e o que está sendo realizado, otimizando a gestão.

Além disso, fica mais fácil ligar os pontos da jornada narrativa e se comunicar de forma transparente com os públicos de interesse que não estiveram presencialmente nas reniões, como, nesse caso, membros da comunidade impactados pelas ações e outros stakeholders que podem acompanhar os trabalhos via redes sociais, por exemplo.

Passo #4: Validação

A cada reunião, o grupo pode retomar as narrativas e o Canvas, validando o que foi mapeado para analisar se estão todos alinhados e caminhando em direção ao que esperavam. Ou se a direção a ser tomada é outra.

Assim, o próprio Canvas torna-se uma ferramenta viva de gestão do conhecimento, apoiando a análise do desempenho do projeto como um todo, do início do processo à sua aplicação. Talvez seja essa uma das etapas mais significativas por trazer insights para os próximos projetos, refletindo assim na visão de futuro de uma organização.

Todos os passos abordados aqui podem ser recorrentes e estar presentes a cada reunião, a cada ponto de análise e acompanhamento do projeto, além de ser um registro engajador do projeto para a posteridade

Algumas organizações de ponta como a Nasa, Johnson & Johnson e o Banco Mundial já praticam narrativas como método institucional para atingir tais parâmetros de Gestão de Conhecimento. Que tal praticar na sua empresa também? Entre em contato e conheça nossos serviços.

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