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3 passos para uma boa narrativa

Há quem diga que o storytelling não é uma forma nova de comunicação e que todos somos naturalmente contadores de histórias.

Há também quem diga, como o designer Stefan Sagmeister, que storytelling é só para quem é profissional de comunicação e das artes dramáticas. Veja o vídeo “You are not a Storyteller”.

Nem tanto ao céu, nem tanto à terra. Histórias são parte de nossa vida, sim, e em muitos momentos estamos, sem perceber conscientemente, contando histórias para filhos e amigos.

Só que quando nos deparamos com uma necessidade profissional de contar uma história para outros, qualquer ser humano, do roteirista de cinema ao presidente da empresa, sente um calafrio:

Por onde começo?
Qual a mensagem principal?
Como esse público vai se conectar ao que estou contando?

Não interessa se é uma palestra, reunião, anúncio, vídeo, post, todo mundo passa por isso. Aconteceu comigo alguns parágrafos acima, inclusive.

O desafio, portanto, não está apenas em construir um texto, mas em construir uma narrativa que nos conecte ao nosso público. É aí que um pouco de método pode ser providencial para trazer consciência à essa construção e facilitar nossa vida nesse momento. Por isso tentarei, de forma bem prática, indicar três passos que aplico no método O Mapa da Narrativa e que podem ser muito úteis quando bate o calafrio.

1) DESCUBRA

Há quem goste de começar a contar a história simplesmente escrevendo tudo que vier à cabeça. Considero esse processo válido como descoberta, não como processo de construção.

Eu particularmente gosto de começar por perguntas. É como faço nos processos de mentoria, onde começo com o Mapeamento das Mensagens para a narrativa, perguntando ao mentorado coisas como:

Motivações: O que te move a fazer esse projeto? E o que moveria o teu público a se conectar com teu projeto?

Desafios: Quais os desafios que você precisa superar com o teu projeto? E que desafios do público o teu projeto ajuda a superar?

Impactos: Onde vê que o teu projeto pode levar você e o seu público? E se chegar lá, que impactos isso pode trazer para o mundo?

Mas se eu pudesse resumir tudo em uma pergunta que eu acredito que já pode conduzi-lo às respostas de todas as outras, seria: O que justifica a sua narrativa?

Não é o evento para o qual você foi convidado a palestrar, nem a reunião que foi marcada para acontecer todo mês, muito menos a explicação que agora você precisa dar sobre o teu produto no site.

Pensar na justificativa da narrativa te leva a pensar nos porquês.
Por que foi marcada a reunião? Porque ele precisa conhecer o projeto.
Por que ele precisa conhecer o projeto? Porque precisa implementar na empresa.
Por que ele precisa implementar na empresa? Porque a empresa está em dificuldades.
Por que a empresa está em dificuldades? Por isso, por aquilo e mais aquilo outro.

Pronto, olha quantos porquês você já abriu só até aqui. Esse é um trabalho arqueológico, mágico e que pode te levar a descobrir tesouros escondidos na sua história, e que farão toda a diferença no passo seguinte.

2) CONSTRUA

Para se desenrolar, a narrativa precisa de um protagonista. Ele não precisa ter cara, nome nem endereço. Mas pensar em alguém que enfrenta uma jornada, alguém situado entre você e o seu público, te leva a estabelecer um elemento essencial de uma boa história: a empatia.

E a empatia só acontecerá se esse protagonista for alguém com quem o público se identifique. A jornada dele você vai materializar em uma Linha Narrativa, com início, meio e fim.

Início: As motivações que você mapeou no processo anterior são as motivações que norteiam o caminho desse protagonista. Ele é uma pessoa com visão de onde quer chegar.

Só que ele se deparou com algo que o impediu de chegar até lá. Os desafios que você mapeou construirão o conflito, as barreiras que o protagonista irá enfrentar nessa história e que você deve apresentar logo no início.

Meio: Durante a história, cada desafio enfrentado representa uma virada, que levará o protagonista a aprendizados, a novos desafios e aos impactos que você mapeou no processo anterior e que vai apresentar já chegando ao final da história.

Fim: Portanto, sua história se encerra demonstrando o quanto seu protagonista se transformou com essa jornada, chegando a um lugar ainda melhor do que ele imaginava no início.

Não é assim que seu público deveria se sentir? Positivamente surpreendido com aquilo que você contou para ele?

3) CONTE

A empatia, o conflito, as viradas e a transformação do protagonista só se tornam verdadeiras se a narrativa é contada.

Isso não envolve em um primeiro momento o uso de ferramenta alguma que não o próprio narrador da história, apresentador, roteirista, enfim, aquele que concebeu a história e agora dará vida à ela.

E se para as startups existe o MVP (Mínimo Produto Viável), por que não existir também uma MVN (Mínima Narrativa Viável). É a versão “pitch” da narrativa, que pode ser utilizada no elevador, no café e até no almoço de domingo quando você precisa contar para a sua tia o que você faz.

Isso também é parte importante da construção da narrativa. Por isso, conte essa história várias vezes e, se possível, grave e assista a você mesmo para ter a percepção do seu público. É uma posição desconfortável e, por isso mesmo, de muito aprendizado para que você possa mudar e recontar a história quantas vezes for necessário.

Só depois que você irá disseminar e detalhar essa história em apresentações com slides, vídeos, posts, e-books, enfim, todo e qualquer conteúdo que o seu projeto possa gerar.

Quer começar a praticar esses três passos?

Conheça o método O Mapa da Narrativa para começar a praticar essa forma de construção em seus próximos desafios de comunicação.

E boas narrativas!

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