Compartilhe

Como o Storytelling nos ajuda a superar o medo de falar em público

Como o Storytelling nos ajuda a superar o medo de falar em público

Na escola, desde cedo, temos como maiores desafios aprender a ler e a escrever. São várias horas investidas em cadernos para uma caligrafia “perfeita”, repetição de fonemas, momento da leitura, ditados e assim por diante.

Mas e a fala, onde entra nessa história?

É pressuposto que falar seja algo natural, que aprendemos só de observar e imitar os outros. Dentre as várias habilidades humanas, falar é a mais esperada. A arte de se comunicar verbalmente é o que nos distingue dos demais animais. Somos experts nisso, em falar uns com os outros e para os outros… certo?

Talvez não.

Ironicamente, falar em público está no topo da lista dos maiores medos da humanidade, superando inclusive o medo da morte, de acordo com o pesquisador Glenn Croston. Como explicar?

Para Neil Mercer, diretor do Centro de Oratória de Cambridge, falar é sinônimo de má educação, e na escola, está frequentemente associado a um mau comportamento. Ao longo dos anos, a ideia que as escolas, talvez inconscientemente, acabam disseminando é a de que não se deve falar, apenas responder o que lhe é perguntado. Respondemos, mas não compreendemos.

Sendo assim, crescemos com uma trava mental grave: o medo do julgamento alheio. Aliada à falta de estímulo, é daí que provém a imagem aterrorizante de se falar em público.

Com a era da internet, o medo do julgamento, a princípio, pareceu “desaparecer”: afinal, as redes sociais, embora estimulem o hábito da comunicação, também permitem que as pessoas se “escondam” atrás de uma tela, de uma falsa identidade, tornando-as corajosas o suficiente para dizer o que pensam e contrariar opiniões polêmicas. É interessante perceber como o foco na leitura e na escrita na época escolar se reflete hoje na forma como comunicamos, sobretudo no mundo virtual. Mas e ao vivo, alguém se habilita?

Para além da fala, saímos também com a escuta prejudicada. Com isso, nosso entendimento sobre as coisas parece sempre distorcido. Os ruídos na comunicação são visíveis, como bem define o cineasta Alejandro Jodorowsky: “Entre o que eu penso, o que quero dizer, o que digo e o que você ouve, o que você quer ouvir e o que você acha que entendeu, há um abismo”.

Oratória x Escutatória

Portanto, mais do que perder o medo universal de falar em público, temos aí uma outra habilidade a ser trabalhada: a escuta.

Ambas mexem com nossas emoções e nos possibilitam dar uma pausa no julgamento. Como vimos, desde muito cedo somos treinados para dar respostas, o que muitas vezes, durante uma conversa, nos coloca numa posição defensiva. Aprender a ouvir vai muito além disso.

Como seres humanos, aprendemos ouvindo, sejam histórias, experiências e pontos de vistas que compartilham conosco. No âmbito profissional, partilhamos e absorvemos conhecimento a partir da nossa capacidade de ouvir  —  e compreender.

Uma escuta empática e ativa não se baseia apenas em “sou todo ouvidos”. É preciso que você esteja presente e esqueça o turbilhão de pensamentos na sua mente para se concentrar em quem está à sua frente, falando.

Desenvolver a oratória não basta: a “escutatória” está atrelada ao ato de falar. O nosso medo gigantesco de falar em público aparece porque não sabemos se irão, de fato, nos ouvir. Se não estamos concentrados no que está sendo falado, nossa tendência é o julgamento.

Se a entrega da mensagem depende muito mais de quem ouve, imagine o temor daquele que fala e a chance de surgir os eternos “mal-entendidos”. Traduzindo em miúdos: se não trabalharmos as duas habilidades em conjunto, teremos problemas tanto do lado de lá como do lado de cá do “palco”.

E o que isso tem a ver com Storytelling?

Tanto a oratória quanto a escutatória são essenciais para contar uma história. Há muitas técnicas voltadas à preparação de discursos e da performance do orador para reuniões, apresentações e eventos. Por outro lado, pouca atenção é dada ao fato de escutarmos bem o interlocutor antes de nos posicionarmos e levantarmos a mão.

Tendo em mente que, hoje em dia, as narrativas nascem de inúmeros lugares, e não apenas do nosso ponto de vista, fica clara a importância de escutar, muito mais do que o falar.

Uma dica final? Para além da escuta externa, vale a pena desenvolver também a habilidade de escuta interna, como explicamos melhor no artigo sobre o nosso “Google Interno”.

Afinal, todos nós queremos impactar a partir das nossas histórias. Histórias trabalham nossas emoções. São elas que nos permitem conectar de verdade – isto é, se estivermos realmente ouvindo o que acabou de ser dito.

Quer saber mais sobre o assunto? Recentemente falamos num curso de oratória sobre isso. Segue a íntegra!

DEIXE O SEU COMENTÁRIO

Menu